terça-feira, 14 de junho de 2011

Só desejo a sua morte, o resto tá tranquilo...


As coisas, quando devem acontecer, simplesmente acontecem.

Eu não ia entrar na porra de um terminal hoje, eu ia virar à direita uma rua antes e pegar um ônibus diferente, que me levasse pra faculdade. Mas não, da última vez que fiz isso, cheguei atrasado e por medo de isso acontecer de novo, fui para a merda do terminal.

Aí, vem um filho da puta de não sei onde e rouba metade do meu coração (oitenta gigas, pra ser mais exato), com uma faquinha de serra ainda por cima.  Eu podia fazer disso uma história interessante, dizendo que uma gangue de ninjas de blackpower tentou me assaltar, ameaçando enfiar uma kataná na porra do meu rabo se eu não desse meu iPod pra eles. Mas, de novo, não. O que de fato aconteceu foi muito mais sem graça.

Entrei no terminal da Praça A, esperando o bendito 105 chegar. É um dos ônibus que vai mais cheio do universo e, como a situação do transporte coletivo em Goiânia é muito boa, 12354023823 pessoas vão em pé. O povo, pra entrar nesse ônibus, parece bicho. Sério. É um empurra-empurra do caralho, que se você não se apoiar em nada, é jogado longe, lá pra puta que pariu. 



Nesse momento, pelo menos dois iPods estão sendo levados.


Eu, pra não cair, então, fui me apoiar na porta, levantando os braços. Tava tocando Gimme Three Steps do Lynyrd Skynyrd e eu provavelmente deveria estar cantando And I'm a man who cares, and this might be all for you". No meio daquele ato de sarrar (onde o povo aglomerado sempre tende a se esfregar), de repente, a música parou de tocar. Quando eu olho pra baixo, vejo o cabo do meu fone, soltinho no ar. Travei meu corpo e comecei a olhar ao redor pra ver se alguém tinha um comportamento suspeito. A boiada continuou a subir a escadinha e eu, lindamente, me fodi.


Vocês podem dizer o que quiserem, como “Você nunca devia ter usado iPod num ônibus!” ou “Vai mais, otário”, que não vai mudar nada. Ando de ônibus há três anos e nunca tinha acontecido nada parecido, até hoje. O coisinha fazia parte de mim praticamente. Eram quatro malditos anos de companheirismo puro! E aí, do nada, numa manhã repentina, alguém leva meu filho de mim.

O pior é que eu não consegui ver nada. Não sei nada sobre o filho da puta. Sua fisionomia, seu gosto literário e até seu Pokémon favorito são desconhecidos, mas, na minha cabeça, já matei o safado três vezes. O cara tem que ser muito lazarento pra enfiar a mão no meu bolso e tirar meu iPod na hora de subir no ônibus. É um infeliz que vai vender um iPod Classic 4ª Geração de 80 gigas por cinquenta reais. Se ele quisesse mesmo esse dinheiro, eu preferia ter pagado.

E é por isso que eu quero que você se foda, seu filho da puta. Eu quero que você morra lentamente, com duas seringas de água fervendo pingando sobre o seu olho, porque você não entende o valor que as pessoas dão às coisas e, principalmente, à musica.

Como diria o Joe Hill, a música é a terceira estrada pra vida. Você se agarra a ela para fugir do tédio do arrastar das horas, para sentir alguma coisa, para se inflamar com todas as emoções que não experimenta na correria cotidiana de ir à escola, assistir à TV e colocar os pratos na lava-louça depois do jantar."

E agora eu vou sentir ou me agarrar a  quê, seu morroidético safado?! Que que eu vou fazer quando eu quiser ouvir Time, do Pink Floyd, antes de dormir? NADA. Eu não vou poder fazer merda alguma porque um filho da puta aproveitou do meu azar de pegar ônibus no terminal e me roubar.

Mas sua sorte vai mudar. Eu torço friamente pra que você morra, lentamente, ao som de um forró bem nojento, enquanto alguém corta seus dedos um por um. O pior, é que se depender da porra do meu iPod pra você morrer ao som de forró, você não vai morrer nunca.

Filho da puta.





:/




5 comentários:

  1. Olha, amanhã eu tenho 12 provas, faço terceiro ano e a última coisa que deveria estar fazendo hoje era lendo o teu blog. Mas devido ao facebook, acabei parando aqui.

    Primeiro, estou chocada. Você conseguiu me surpreender com seus textos, ainda mais que você faz engenharia. Porra, não desperdice esse talento. Depois você me fez rir muito, muito mesmo. Você escreve com uma ironia tão discreta que arranca risos. E, por último, eu parei de ler teus textos a força, porque realmente preciso estudar, pois se não leria todos eles.

    Não sei se fico feliz de ter alguém tão 'novo' e sem experiência que consiga me prender tanto assim ou me sinto um lixo porque acho que nunca prendi alguém com palavras, sendo que meu sonho é esse. Vou te encarar como motivação, haha.
    Parabéns mesmo (:

    ah, não sei se você se lembra de mim, mas eu estudei no Emmanuel, sou amiga do João Paulo, enfim, acho que nunca conversei contigo não, mas eu lembro de você. E a surpresa foi maior ainda de ver que eu já conhecia um escritor há tempos e não sabia :D
    até breve.
    Meus parabéns e POR FAVOR, continue escrevendo :D

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  2. Pô, Bárbara, desculpa pela demora, mas eu tava atolado de coisas pra fazer na faculdade e ainda tinha que pensar numa resposta à altura do seu comentário.

    Antes de tudo, me lembro de você sim, lembro até um dia em que a gente conversou na biblioteca do Emmanuel, em que você reclamou pra caramba da sua vida eauihaeuhuieh. Naquela época eu ainda não tinha o blog, ele é mais recente, mas eu já escrevia algumas coisinhas.

    Bem, muito obrigado então por escrever algo pra este blog também. Acho que gostei mais do seu comentário do que muitos textos aqui aeuihuaeie. Fico muito feliz ao ler coisas assim, principalmente porque me pegam totalmente desprevenido. É engraçado sabe que você achou tão bom, porque a minha intenção não é provocar o riso, é "me" escrever, se é que você entende.

    Quanto a idade, tenho dezoitoepoucos anos, experiência eu tenho demais aeiuhaeuihaeiuhe, acredite, mas não acho que é isso que vá prender ninguém não. A gente se prende aquilo que a gente sempre quis, mas que nunca encontrou. Que bom que você encontrou algo, então, né.

    Fico muito feliz e, pode deixar que vou continuar escrevendo. Só não prometo taaantos textos porque esse fim de semestre tá me matando, mas vem aí às vezes que você vai encontrar mais coisas.

    De novo, valeuzão aí (:

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  3. O que mata alguém é terceiro ano, isso sim! kkkk
    Assim, minha memória é um lixo, eu não me lembro de ter conversado contigo, mas se tu tá falando né...
    E quando eu disse experiência eu quis dizer experiência de escrever, não de vida. Acho que isso todos nós temos.
    E eu vou continuar lendo sim, os antigos também. Os que você se descreve são os melhores, sério. O que eu mais ri foi o do que você limpou o vômito do seu amigo e fez ele falar que nenhuma mulher faria aquilo por ele. Eu me sinto assim, é foda! kkkkk

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  4. Meu Deus, vim parar aqui depois de ler seu texto lá no PdH e (eu deveria me envergonhar de dizer isso, mas...) eu ri que chorei lendo esse post. Eu chorei muito, na verdade.
    Comecei a ler em voz alta pra minha irmã, mas ri tanto, tanto, que ela levantou e veio pro computador terminar de ler sozinha.
    Estou grávida de 06 meses e quase coloquei o Pedro pra fora, coitado.
    Queria eu conseguir fazer piada assim das coisas que me acontecem. Parabéns, cara! :)

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  5. Que isso! Assim eu fico é com medo de prejudicar o Pedro, Manulices aeuihaehaeui

    Pô, muito obrigado mesmo por ter lido aqui e comentado, volta aí depois que, quando eu tiver inspiração e um tempinho, vou postando mais coisas (:

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