quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

dias comuns não precisam de títulos especiais

Pegou a caneta e pensou. Bateu sua ponta na folha em branco. Trêz vezes. Vezes três, são nove. As batidas dançavam lentamente, no ritmo de sua insegurança. Tum-tum, tum-tum, tum-tum. Precisava de uma bebida. O uísque estava no guardarroupa, o copo estava lá embaixo. E ele está no meio, mesmo tendo vindo depois. Sua mente, bem distante dali. Começou a escrever, como se soubesse. Mas não olhava para o papel. Olhava para si mesmo. Ouvia o barulho do papel sendo cortado pela ponta fina da caneta, desenhando subitamente palavras que cortariam o silêncio da noite. Escrevia pensava pensava escrevia. Seus pensamentos reverberavam pelo quarto. Até que cessaram. Olhou para o papel em branco em frente de si. A caneta estava sem tinta.
Até surdo
anda
escutando o que
não
devia
num telefone
sem-fio.