domingo, 15 de maio de 2011

Medo de atravessar a rua, Rock in Rio e Atlético campeão

Tenho 18 anos de idade, barba na cara desde os 14, um metro e noventa e até hoje minha mãe se preocupa se eu atravesso a rua direito. Eu não sei explicar o jeito dela, acho que se resume muito à inocência. Tadinha.


Ela é daquelas que quando sonha com algo muito ruim, acorda chorando, desesperada, com medo de que aquilo venha realmente acontecer. Ainda mais porque é espírita, o que a faz acreditar muito em coisas místicas, algo do tipo necromancia, sei lá.


O que realmente fode tudo é que eu sou o caçula. Filho do segundo ‘casamento’ e do eterno amor da minha mãe, ela acha que eu pra sempre serei o seu bebê. Bebezinho de quase dois metros, ok... A diferença de idade entre mim e meus irmãos é muito alta e, por muito tempo, eu realmente fui um bebê. Até hoje eu ainda finjo ser algumas vezes, isso a deixa extremamente feliz.


Porque ela é muito carente, sério. Tem dia que pede pra que eu durma na cama dela, me pede pra não sair porque tá com um pressentimento ruim e me obriga a ver filmes com ela (Percy Jackson que o diga...). E sei lá, é o mínimo que eu posso fazer, afinal, ela vive quase que inteiramente pros filhos. E é uma puta mãe coruja, daquelas até que ficam com raiva das ex-namoradas dos filhos!


O foda é que ela não tem um retorno tão grande. Meus irmãos não são os melhores filhos do mundo, o que acaba deixando ela meio magoada e decepcionada. E isso fode ainda mais a minha situação, porque aí eu tenho que valer por quatro, ser um bom filho multiplicado por quatro, e coisas afins...


Isso às vezes me custa caro... Por exemplo, existem locais em que eu sou proibido de ir, tipo o Rio de Janeiro. Dizendo ela, não criou filho pra morrer de bala perdida, então, Rock in Rio nem pensar e lá se foi pro espaço outra oportunidade de ver Metallica e Red Hot Chilli Peppers. Nessas horas, ser um bom filho me deixa puto.


ficar em casa...

 
Meus amigos muitas vezes não acreditam que isso é verdade. Sério. Tipo hoje, me chamaram pra caralho pra ir ao jogo do Goiás, finalíssima do campeonato goiano, eu fiquei animado, coisa e tal. Vou avisar ela que vou, ela só me solta um “Não vai não, tá morrendo muita gente nesses jogos e não te criei até aqui pra morrer por futebol...”. Então tá, né, eu não fui, meus amigos ficaram putos comigo e o Goiás perdeu! Delícia!


Mas sei lá, eu não posso reclamar de nada não. Minha mãe é perfeitinha da maneira que é. Cozinha bem pra caralho, cuida do neto, adora arrumar a casa e por isso faz tanta questão que a gente fique aqui. Trabalha a semana inteira e seu maior gostinho é ver a gente comer pão de queijo no domingo (aqui quem come pouco, faz desfeita). Ela é simplinha, não esquenta com muita coisa, faz as coisas da forma mais bonitinha, pensando sempre no melhor, muito inocente.
               
Acho que é por isso que eu sou assim também, tão caseiro e, às vezes, tão inocente. Gosto de sair, gosto de strondar, mas não resisto a ficar em casa em família, com alguém, rindo e contando causos. Não tive coragem de abandonar essa casa não. Passei num bocado de vestibular, mas não tive nem o pensamento de sair de Goiânia.
              
Porra! E largar tudo isso aqui? Deixar minha mãe sozinha no meio desse mato? Não, ela é daquelas que faz a gente querer capinar um lote só pra comer sua jantinha depois. Quando eu tinha sete anos, minha mãe virou também o meu pai e acho que pessoas que valem por dois, hoje em dia, são raras demais. Por isso, quando a gente encontra uma, a gente tem de grudar e não soltar mais!

3 comentários:

  1. velho,adorei o texto
    e infelizmente me deu mais saudades ainda da minha mae
    MENOS MAL Q O GOIAS TENHA SE FUDIDO MAIS UMA VEZ
    kkkkk
    abraço
    P.S.:qualquer dias desses quero esperimentar desse pao d queijo e pode ficar tranquilo q nao faço desfeita por comer pouco,talvez por comer demais
    kkk

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  2. vem um torcedor do vila falar mal do goiás aqui?
    aném, jean, volta pra goiânia ué!

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  3. q lindo texto....vc ja mostrou pra sua mae? é uma declaração de amor!!!

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