domingo, 24 de abril de 2011

A Paixão de Uiatan

Nota: Não, este texto não é romântico. Para os paparazzi de plantão, esse texto não é direcionado e nem feito pelo meu subconsciente. Se é isso que vocês querem, procurem em outro blog.

Bem, aos religiosos fervorosos, minhas singelas desculpas pelo uso da palavra “paixão”, pela blasfêmia ou o caralho a quatro, esse título remete aos meus últimos quatro dias, véspera de páscoa.

Sofrimento. Desilusão. Vertigem. Náuseas. Angústia. Sim, fui bastante atormentado nesses dias por essas coisas, dentre outras mais.

Mas, antes de tudo, quem é Uiatan? Eu duvido que pessoas que não me conheçam venham ler esta espelunca, mas para os felizardos, sejam bem vindos! Meu nome é Uiatan, uma variação de Uiatã, que significa felicidade em tupi-guarani. É dito da mesma forma que se lê: UI-A-TAN. Simples. São muitas vogais reunidas, que formam um som único e que me impossibilita de ter qualquer apelido. Mas isso foi motivo de outro texto, e este sim foi direcionado. Deixemos de lado.

Esse feriado combinou muito com meu nome, apesar do que foi dito antes. O sofrimento não foi meu, o que me deixa mais feliz, mas não tão feliz quanto aos risos que eu pude dar da situação.

Eu não sei por que, mas meus amigos insistem em acreditar que sou empregada deles. Ou melhor, que sou a vadia de cada um, o que me deixou desiludido. Farreiam pra caralho, fazem o que querem e simplesmente jogam a bomba em cima de mim, pra que eu possa limpar a merda que eles fazem.

Não que eu não farreie também, até porque já dei trabalho algumas vezes duas, mas eles simplesmente não lembram que misturar ou beber demais, causa vômitos e que eles vão estar bêbados demais pra limparem.

Realmente não foi a primeira vez. Em outras ocasiões, já havia chamado amigos meus para beberem aqui em casa. Eles se julgavam fortes, destemidos e acabaram deitados, abraçando um vaso sanitário por algumas latas de cerveja. Diziam que a culpa era da latinha, mas não sei qual a causa misteriosa do alumínio que leva ao vômito.

Dessa vez foi um pouco diferente. Não aconteceu aqui em casa e sim na casa de um amigo meu irmão. A galera enfiou o pé na jaca com gosto. Eu tenho que confessar, que depois de muito tempo sem beber, eu também enfiei. Tenho que agradecer à minha ex-namorada, que me ensinou a “parar de beber”, o que foi bastante aperfeiçoado para “parar na hora certa” ou “nem começar”.

Comecei na coca-cola. Desceram uma garrafa de tequila. Hora de começar a beber. O filho da puta já estava bebendo desde a hora que acordou, seu café da manhã foi uma lata de Antárctica. Ele devia estar pensando que álcool é água e que misturar não dá nada. Eu tomei chopp pra caralho e 3 doses de tequila. O infeliz tomou chopp pra caralho, 5 doses de tequila e uma de pinga. O QUE ESSE INFELIZ TEM NA CABEÇA EU NÃO SEI.

O resultado disso tudo, foi muito engraçado. Tava todo mundo muito animado, rindo pra caramba, roubando pra caralho no truco. Outros tavam inventando histórias, e esse veado, em especial, narrou até um jogo de vôlei que ele jogou com o Serginho e o Ricardinho da seleção. Faltou falar só do André Heller...

Sei que tudo tava muito mais lindo do que deveria estar. Eu parei de beber, entrei na água e fiquei tranquilo. Os que não fizeram isso, se foderam. Ou me foderam, de um jeito um tanto quanto eloquente.

Ali por volta da meia-noite, eu, meu amigo e o pai dele decidimos ir embora. Os três estavam um tanto quanto alterados, com uma garrafa de pinga no interior do veículo, a ponto de nos fodermos lindamente se caíssemos numa blitz. Não caímos, ufa!

Cara, quando chegamos na casa do infeliz, este, meu amigo, saiu pela tangente do carro, direto pro mato. Eu já sabia o que iria acontecer, entrei pro quarto, guardei minhas coisas e fui ver se ele tava bem.
‘Você vomitou muito?’, perguntei.
‘Sim’.
‘Tá de boa agora?’
‘Tô.’
‘Certeza?’
‘Certeza. ’

De boa, então. Ele falou que tava bem, então ele tava, né. Aí o infeliz decide ir pro quarto, tirar a porra da roupa e ficar só de cueca na cama. Nem pensou em tomar banho, porco. Chego lá, tá aquele grande pedaço de mau caminho, com a coberta na cara. Pergunto se ele vai tomar banho, ele disse ‘Pra quê?’. Então tá, né.
Decido pegar minha toalha, tomar meu banho e escovar os dentes. Quando dou as costas para a desgraça deitada, escuto uma música para os meus ouvidos. Regurgitação. Adooooooooooro! Ainda de costas, ouço o cara derramar seu mel sobre o chão. Aí de boa, os pais dele iriam comer o seu cu se soubessem que ele tava passando mal. Eu, então, humildemente fui procurar um pano de chão e algo pra limpar.

É claro que as náuseas e a vertigem foram dele. Pra mim sobrou a reflexão. Amizade é um trem forte demais, bicho. Amigo que é amigo mete a mão no vômito do outro, pra limpar o chão. Sem medo, sem nojo. Faz o que é necessário pra limpar a barra do cara. Ou o chão. O foda é que eu limpei muito.

Outra reflexão foi a de que eu sou a pessoa mais linda que eu conheço, de verdade. Nunca limparam meu vômito, eu já limpei vômito dos outros três vezes. Sem chorar, sem brigar e sem achar ruim. Fiz meu papel de faxineira, joguei álcool no chão e um pouquinho de veja pra ele não ficar enjoado com o cheiro. Que outro amigo se preocuparia tanto assim, cara? É por isso que eu repito, eu sou a pessoa mais linda que eu conheço. Em outro texto já disse que eu era pra casar, agora eu sou pra casar, pra amigar e pra tudo que possa ser feito! Se eu limpei o vômito, imagina o que mais eu faço, hein?

Ele não tava em consciência de fazer merda alguma, eu só limpava e esperava ele vomitar mais. A angústia tá aí. Eu tava dormindo no chão, do lado da cama do desgraçado, imaginem o medo que eu tive de ser vomitado. Eu já tinha uma frase pronta pra essa situação, caso acontecesse: “PORRA, CARA, ME BEIJA PRIMEIRO, CARALHO!”. Graças ao que há de mais puro no mundo, não foi necessário usá-la. Eu tinha colocado uma bacia enorme do lado dele pra ele vomitar e ele ainda conseguiu errar, mas me acertar não. Até porque eu tava num reflexo filho da puta, ele respirava um pouco mais intensamente na cama e eu já tava em pé, do lado da porta, procurando o pano pra limpar.

A última vez em que ele vomitou foi às 2h30 da manhã. Eu acordei, limpei, joguei álcool, deixei o quarto esterilizado. Lindo. Fui dormir na sala porque o cheiro de álcool tava forte. Vejam bem o quanto eu sou o cara perfeito, eu ainda programei meu celular pra despertar 3h, pra ir ver se ele tava bem. E fui.

No meio das limpadas, eu perguntei pra ele: “Bicho, você sabe que dia você vai achar uma mulher que vai cuidar de você do jeito que eu tô cuidando, né?”. Ele respondeu, não sei como, um singelo “Nunca”.

Taí, NUNCA MESMO. ELE NUNCA VAI ACHAR NENHUMA MULHER QUE LIMPE O VÔMITO DELE! Enquanto algumas mulheres vão achar UM ou DOIS homens que limpem vômitos, porque mais de dois não existe no mundo. Certeza.

Isso me deixa mais desiludido ainda. As mulheres tão pouco se fodendo se você limpa vômito ou não. Isso é tão triste. É uma qualidade tão especial e única, que elas simplesmente não se dão conta de que isso torna qualquer homem único também. Já me disseram muitas vezes que eu era único, mas acho que se esqueceram disso ao longo dos dias. São nessas horas que eu apareço com um texto imenso desses para provar que eu sou difeeeeeerente MEEEEEEEEEEEEEESMO! Sou o amigo perfeito, o homem perfeito, MOÇAS BONITAS, ME PROCUREM, ESTOU DISPONÍVEL!

Mas acho que nunca vou achar uma mulher que dê valor desse tanto, porque só um homem consegue reconhecer que meter a mão no vômito é uma qualidade inestimável. Eu acho que eu tinha era que virar gay, então, ou pegar um traveco, porque homem é companheiro! Uns, como eu, são até mais que os demais, mas são extremamente raros. Por isso, DÊEM VALOR PARA MOTIVÁ-LOS A CONTINUAREM ASSIM!

Termino o texto então parafraseando o Fabiano Cambota:

‘Eu quero alguém assim como eu,
E que me dê o que você não me deu,
Não quero mais Julieta,
A moda agora é um tipo de Romeu... (tipo eu...)
Vou namorar um traveco
Agora a fila andou
Eu até ganho um amigo
Joga bola comigo
E ainda pega no gol
Pode falar, não me importo
Com o que venha depois
Se eu ligo meu Playstation
 Ele me pede com jeito pra ser o player 2...’
P.S. : Se alguma mulher atende às qualidades dessa música(não precisa ser todas...), seja gente boa e saiba conversar, saiba que você também é única!

domingo, 17 de abril de 2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Rosas cálidas

Nota do infeliz dono deste blog: Desde a questão do Egito, vi que grande parte dos meus amigos blogueiros começaram a postar textos sérios, retratando a triste realidade de forma direta e cruel, como ela é. Eu nunca quis falar nada disso, até porque nunca me importei com a grande maioria dessas questões (vide nome do blog), mas achei que eu deveria escrever algo. O que aconteceu hoje, no dia sete de abril de 2011, me atingiu profundamente. Não que seja a primeira vez que isso tenha acontecido, mas antes eu não escrevia, dessa vez não vou deixar passar.

Rosas Cálidas

Pensem nas crianças, na rosa. Na rosa. Na rosa com gatilho. Na rosa venenosa, com seis pétalas mortais. Destas, caem uma a uma, de forma que caiam também os anjos. O dia ainda nem acabou, mas o número de anjos decaídos aumenta. Doze é o número atual, às 12, quantos terão caído?

Quando eu era pequeno, minha mãe me dizia que toda criança é um anjo. Pura, sem maldade no coração, que age inocentemente de acordo com aquilo que sente. Hoje, eu digo pra minha mãe que o mundo envelheceu, pois há muito perdeu a sua pureza. Deixou de ser bobo, passou a ser cruel. Simplesmente porque pensa que alguns assuntos, tipo o lucro máximo, sempre, são coisas de adultos e que para tratar deles, é preciso crescer.

A troco de quê? Eu me pergunto. A troco de criar rebeldes suicidas capazes de tirar a vida de inocentes, enquanto os responsáveis pela desgraça se mamam em dinheiro? A troco de beber do sangue de meninas de menos de quinze anos?

Se esse é o elixir da vida de vocês, eu prefiro morrer. Prefiro não crescer. Prefiro continuar agindo inocentemente, que é o que falta para o resto do mundo. Ser bobo. Acreditar demais, esperar demais. SONHAR DEMAIS, PORRA. Fazer demais, fazer o que sinto, sem hesitar. Dar birra, perdoar no momento seguinte. Ser sincero e falar a verdade. Acreditar que cada pessoa tem algo bom a oferecer. Não acreditar na maldade das mesmas. Não suspeitar. Ter medo do escuro. Morrer pelo erro dos outros.

Morrer porque eles têm medo de tentar. Medo de se frustrarem, porque vivem num mundo perfeito, regido por leis que não servem de desgraça alguma, leis que não favorecem vocês. A TV dá a notícia de 12 crianças mortas agora, mas se o preço da gasolina pegar R$ 3,10 amanhã será a única notícia dada. A real é que estão pouco se fodendo pra quem morreu, querem propaganda, divulgações, dinheiro.

Eu queria ser criança, pra não enxergar toda essa babaquice. Queria ser criança, pra viver um dia de cada vez, sem ter o medo de ir à aula amanhã. Ser criança pra não entender o que é a morte.

Um simples fato que acaba com a vida de todos, de uma hora pra outra. A morte, traiçoeira e rasteira, que no meio de uma tarde de quinta-feira faz um arrastão. Hoje foram elas, amanhã serei eu, no outro dia, vocês.

E aí, querem morrer como os hipócritas que vocês são hoje ou não?




segunda-feira, 4 de abril de 2011

Clássico pro além


Algumas coisas acontecem tão aleatoriamente, que você realmente só se dá conta da merda que fez quando elas passam. Sério.

Não sei se foi em janeiro do ano passado ou do retrasado, quando o avô de umas amigas minhas faleceu. Sei que ele tava bastante doente, o que fez até com que as meninas tivessem de voltar de viagem pra acompanhar o caso, até que infelizmente ele partisse para o lado de lá, com elas já aqui.

Coincidentemente, essas amigas são primas de uma ex-namorada minha, que ia me informando das notícias em tempo real mundodigitalizado, me dizendo como as meninas estavam, como seria o andamento das coisas e até se precisavam de algo.

Eu, como bom amigo, tava louco para vê-las, pra poder reconfortá-las nem que fosse com um simples abraço, só que não sabia se seria possível. A gente sempre fica meio em dúvida se é amigo o suficiente pra essas coisas, se tem permissão pra entrar na família assim, num momento tão frágil, por mais que de uma forma ou outra a gente ja esteja lá. Sei que já era por volta das 14h quando minha ex me ligou. Eu sabia que ela tinha estado com as meninas, mas não sabia onde ela estava naquele momento e nem para onde ia.

É claro que, para qualquer pessoa inteligente, a resposta é bem óbvia, ela voltaria para o local do velório até a hora do enterro. Mas o problema é que às vezes eu sou inocente demais e acabo não pegando as coisas no ar. O resultado disso, é claro, são momentos embaraçosos.

Eu não sabia para onde ela iria, sei que ela me perguntou se eu queria ir para "lá" e eu, como bom namorado, disse que queria, lógico, seja lá onde ficaria esse "lá". Eu de fato pensei que ela ja teria ido embora do velório e que não voltaria pra lá. Calcei então uma chinela, vesti uma bermuda e coloquei uma camiseta do Goiás. Um visual totalmente descomprometido, de alguém que vai andar na rua, na praia, no inferno que seja, MENOS NUM VELÓRIO!

Minha ex-sogra veio aqui me buscar. Entrei no carro, cumprimentei quem ali estava e botei a mão na cabeça. "Porra, a gente vai voltar pra lá. Caralho, olha a roupa que eu tô usando, puta que pariu.", pensei. Minha boca se movimentou numa espécie de sorriso, aquele que só o desespero traz. Vaaaaaamos para o velório, então.

Eu não sou muito vaidoso quanto a roupas, tô pouco me fodendo para o que vão achar da forma com que eu me visto, mas eu tenho uma coisa que, sei lá, diz que existem lugares onde não se pode ir alternativo, ou descontraído, por uma espécie de respeito. Eu nunca pensaria em ir ao velório com camiseta de time, ainda mais quando o defunto torce pro time rival. O traje mais "pensável" seria um social, com uma calça jeans e sapato, no mínimo... Enfim, 2 a 0 para o traje social, tava perdendo de goleada. Fiquei constrangido pra caralho, achando que a galera tava me fulminando com os olhos (atleticanos safados...).

Sei que continuei na minha, a merda já tava feita. O pior é que eu de fato não tinha intenção de usar aquelas roupas, não sabia nem para onde ia, sei que aconteceu e fiquei com medo apenas de o povo colocar palavras na minha boca. Odeio isso.

Entrei lá, na maior cara de pau, cumprimentei quem estava de luto, até chegar nas meninas. Elas também pouco estavam se fodendo pra minha roupa, me abraçaram, choraram no meu peito e eu tentei reconfortar cada uma, com o que eu já aprendi nessa vidinha sobre a morte. Abracei cada uma delas apertadamente e ofereci tudo que eu podia, a minha companhia como sustentação.

Creio eu que tenha bastado para elas e que no final tenha compensado meu traje esportivo. Mas com certeza alguém reparou na minha roupa e pensou alguma maldade. É típico, sempre o fazem. Mas quer saber? Se pensaram ou não, foda-se, o cara era atleticano roxo, se eu fui com a camisa do Goiás eu dei pelo menos uma lembrança de um clássico pra ele levar pro além! Não importa a roupa que eu estava vestindo, o papel de amigo eu fiz, tentei ser o melhor pra elas e fiquei com a consciência tranquila. Acho que é assim que tem que ser.